segunda-feira, 13 de julho de 2015

Resenha: A Casa Assombrada - John Boyne

Editora: Companhia das letras
Ano: 2015
ISBN: 9788535925265
Páginas: 296
Nota: 3/5

Cheiro de canela. Ela precisa ir embora. 

A Casa Assombrada não é um livro de terror. Há bastante suspense e clichês de filmes que assistimos, mas posso dizer que não vai te assustar, mexer com você ou te deixar sem dormir a noite, então vá despreocupado ou sem essa expectativa. O livro é ótimo, mas por outros motivos. O terror existe, mas é algo muito mais ligado com as palavras e o psicológico que com os sustos em si. 
A história se passa em 1867, em Londres. Eliza Caine é muito apegada a seu pai, que está doente desde o início do livro. Não demora muito para que ele venha a falecer, deixando Eliza de luto e tendo que começar a vida do zero.
Ela precisa pagar o aluguel. Precisa encontrar outro lugar. Eis que encontra um anúncio no jornal. Precisa-se de governanta. Norfolk, leste da Inglaterra. Glaudin Hall. Duas crianças. Nada se fala sobre os pais. Eliza aceita sem titubear. Procura por H. Benett, aquele quem fez o anúncio, mas a partir daí acaba descobrindo que as vezes seria melhor não perguntar nada. Mas ela merece saber, não merece?! Afinal, Ela está ali.

"No início da noite, quando o sol tinha descido outra vez para ser substituído por nossa perpétua e angustiante neblina londrina, senti a mão de papai ficar cada vez mais fraca sob a minha até ele me soltar e se esvair por completo, recolhendo-se em silêncio, deixando-me órfã como os personagens sobre os quais eu falara na noite anterior, se é que alguém pode ser considerado órfão aos vintes e um anos."

Logo que Caine chega na mansão, é atendida por Isabella e Eustace, vestidos de maneira muito elegante e creepy. Tudo começa aí. 
Isabella Westerley é minha personagem preferida e talvez a mais assustadora. A garota tem doze anos mas sua postura é de uma adulta. Ela me lembrou aquelas criancinhas psicopatas dos filmes, credo. Mas eu adorei a maneira como ela foi construída pelo John Boyne. Conseguia sentir uma espécie de aflição quando ela estava presente porque, talvez por tudo o que passou, tornou-se assim, vazia. Fico arrepiada só de lembrar.


Eliza Caine é a narradora. Largou seu emprego de professora para tornar-se governante e, creio eu, que tenha se arrependido bastante. Gosto dessa personagem, de seus princípios. Como a história se passa nos anos 60, o pensamento é outro, um mundo ainda mais machista e conservador. Eliza bate de frente com vários desses posicionamentos.

"Mas não era um homem nem uma mulher à porta, e sim uma menina. (...) Estava vestida com uma camisola branca, abotoada até o pescoço, que descia até os calcanhares; parada ali, com as velas do corredor a iluminando pelas costas."

Eustace Westerley é o irmão mais novo e o mais assustado. Ele estava ali, presente, mas com medo dela e de Isabella. Ao mesmo tempo, queria simplesmente viver e só. Mas estava preso a casa e a seu passado. 
Gostei bastante do decorrer da narrativa e fiquei surpresa com a escrita de John Boyne, já que não havia lido nada dele e imaginei algo completamente diferente. Li tudo em algumas horas. Posso dizer que é uma história que te prende bastante. O autor te leva para ver os cômodos da casa, mas você só vai conhecê-los, de fato, ao fim do livro. Até lá, é quase impossível parar de ler. Posso dizer que o final me deixou arrepiada.

"Ann Williams sempre dizia coisas boas sobre Great Yarmouth", ela respondeu, tirando os sapatos e afundando os dedos dos pés na areia. (...) "Ela teve uma infância muito feliz. Foi o que nos disse, pelo menos. Infâncias felizes parecem ser coisas que você só vê em livros, não acha? Não parecem ser de verdade."

Em suma, A Cassa assombrada possui uma história no ponto certo, além de uma ótima premissa - ainda que um pouco clichê. Vale a pena ler e se encantar com esse mundo, com essa áurea londrina antiga e conhecer um pouco mais dos pensamentos da época. Além de, é claro, tirar suas conclusões sobre Glaudin Hall.

10 comentários

  1. Oi Beatriz, gostei da sua resenha, ainda não conhecia esse livro e apesar de ser bastante medrosa, fiquei com vontade de ler. Ainda pensei em dá-lo de presente a uma amiga que gosta bastante desse gênero. Vou marcar no Skoob para não esquecer. bjs

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  2. Oiie
    Eu nunca li livros de terror então para começar acho que esse é perfeito, já que é cheio de clichês de filmes que assistimos e não vai me tirar o sono kkkkkkkk
    Gostei da premissa e vou ler com certeza.
    Amei sua resenha.
    bjs

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  3. Olá, Beatriz. Que resenha é essa, hein, com certeza lerei este livro, já o estou baixando em meu tablet. É o tipo de leitura que eu gosto, me lembrou bastante um filme que eu gosto muito chamado "Os Outros". Ótima recomendação!
    Beijo,
    http://www.pactoliterario.com/

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  4. Oi Beatriz, eu sou looouca para ler esse livro, a premissa me atrai muito e preciso ir atrás dele o quanto antes para conferir a leitura :D

    Beijos

    http://www.oteoremadaleitura.com/

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  5. Olha eu ainda não tive a oportunidade de ler esse livro.
    Até porque amo todos da Novo Conceito, mas não o tenho justamente porque disseram que tem terror no meio
    e não sou chegada no gênero, mas você disse que não é nada que impressiona e pode ser até que eu dê uma chance, mas com receio sabe? Eu não sei. Fiquei em dúvida agora. Mas vou pensar com carinho e deixar a dica anotada. Acho que sua resenha foi boa pra mim, porque estava realmente com muitas dúvidas ao pegar esse livro.

    http://lovereadmybooks.blogspot.com.br/2015/07/resenha-o-album.html

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  6. Resenha muito, mas muito boa! Mas acho que não leria o livro, a premissa não despertou meu interesse :/ Adorei a parte que você fala sobre a garotinha e como ela te lembrou uma das crianças psicopatas de filme de terror, hahaha!
    Thaís na Cidade

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  7. Olá amore. Confesso que esta é a última obra que eu penso ler do autor kkkk. Mas pelo menos pra mim, fiquei feliz que não seja tão assustador, até porque sou bem medrosa.
    Quem sabe dou uma oportunidade a obra com esta capa incrível, mas não sei.
    Beijos, sucesso.

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  8. Biaaaa do céu!! Amei tua resenha!
    É obvio que depois dela eu vou ter que correr e comprar A casa assombrada e tirar minhas conclusões sobre Gladin Hall. Aliás, Isabella já me deu medo.
    Sou apaixonada por O menino do pijama listrado, e espero que igualmente me apaixone por mais esta história do John Boyne.
    Beijos,
    http://www.entreleitores.com/

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  9. Preciso desse livro!
    Nunca li nada do Boyne, mas sempre vejo gente o elogiando, e depois da sua resenha sei que preciso conhecer a escrita dele.
    Gostei de saber que o terror é bem psicológico do que físico, isso que geralmente chama minha atenção e é desse tipo de leitura de horror que eu gosto.
    Já estou curiosa pra saber como que essa história foi desenvolvida e conhecer a Isabella, acho que também vou gostar dela...
    Beijos!

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  10. Esse tipo de terror muito mais ligado às palavras e ao psicológico costuma ser muito mais aterrorizante pra mim... apesar de você ter dito que o livro não faria perder o sono, acho que a mim isso não se aplica. Prefiro ler os outros livros do John Boyne que nem passam perto do gênero... hehe...

    Beijo.

    Ju
    Entre Palcos e Livros

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