quinta-feira, 22 de setembro de 2016

[SÉRIES] Supermax


Em uma época onde os jovens vivem de internet e netflix, a televisão acabou sendo esquecida. A audiência das novelas caiu e hoje seu grande público é mais adulto. Na tentativa de atrair novamente os adolescentes e jovem adultos, a Rede Globo lançou uma nova série — exibida toda terça-feira às 23h. Vários episódios foram disponibilizados online também, para atingir a outra parte desse público. 


Supermax é o nome dado para o reality show que acontece em um presídio de segurança máxima no meio da floresta amazônica. O prêmio? Dois milhões de reais e talvez o perdão do público — todos os participantes possuem um segredo, todos já estiveram envolvidos com o crime, de uma forma ou de outra. Entretanto, em determinado momento, eles perdem o contato com a produção. Não sabendo se isso é mais uma prova, não sabem em quem confiar e o confinamento os leva a ter que superar limites e atravessar barreiras — o que pode ser um tanto quanto traumático e gerar conflitos.
Assisti ao primeiro episódio e a personagem feita pela Mariana Ximenes me chamou a atenção, ela diz não ter medo da morte — e isso é algo que sempre está muito presente nas protagonistas das minhas histórias. Além disso, a atuação da atriz foi impecável. Na verdade, somente alguns ali são conhecidos pelas novelas, os outros são atores completamente novos. E todos deram um show de atuação. Preciso parabenizar a Cléo Pires, também. 



Muitos disseram que ficaram com medo, mas eu não entendi muito bem até chegar ao final do episódio, quando aparece uma criatura meio sinistra. Então, continuei não entendendo se a série vai acabar tendo uma pegada sobrenatural ou psicológica. Eu, sinceramente, espero que seja psicológica. Estou morrendo de curiosidade para ver como cada participante vai lidar com seus segredos e seu passado. O passado sempre volta. O passado sempre assombra. E essas duas frases têm tudo para serem a chave dessa série.



Se você já assistiu, me conta o que está achando dessa vibe nova trazida pela televisão brasileira — e o que está achando da série, é claro.

domingo, 11 de setembro de 2016

Resenha: Boa noite - Pam Gonçalves


Editora: Galera Record
Ano: 2016
ISBN: 9788501106698
Páginas: 240
Nota: 5/5

Bem-vinda ao seu novo mundo. E boa noite.

Alina está prestes a deixar toda a sua vidinha de interior para adentrar a faculdade de engenharia da computação. No dia de sua matrícula, vê um aviso dizendo que há uma vaga disponível para a chamada república das loucuras. Pensando que talvez tenha sido o destino, a garota liga para o número disponibilizado e faz uma entrevista meio maluca por telefone com uma tal de Manu. Está tudo confirmado quando ela chega para o seu primeiro dia de aula e vê aquela parede de tijolinhos, o lado exterior do seu lar pelos próximos quatro anos
Lá, ela conhece a Manu, uma garota extremamente divertida, explosiva e aparentemente desapegada. Mas possui algumas coisas reprimidas lá dentro. Além de Talita e Bernardo, os namorados que não param de se pegar um só segundo - mas se tornam ótimos amigos de Alina - e Gustavo, o estudante de medicina que nada parece com os outros garotos. Na sua sala, vira amiga principalmente de Luana, uma das quatro únicas meninas do curso.
No início, tudo é muito divertido e diferente. Alina até conhece um menino com quem começa a sair. Mas, rumores de estupro e drogas em festas começam a correr por aí. A garota e seu time aproveitam um concurso para tentar mudar isso. Para tentar proteger as mulheres. 



Boa noite é um livro com uma ideia nada genial e uma escrita simples, mas que consegue passar o recado direitinho. A escrita da autora é completamente dinâmica e te leva com facilidade até a última página, faz com que o leitor, inclusive, queira mais. O background com o ambiente da faculdade é perfeito, fez com que eu super me identificasse com aquilo que estava lendo, já que estou apenas no segundo semestre. É engraçado como em tão pouco tempo, a gente muda tanto. Acho que a faculdade abre as portas e nós só temos que saber como usar essa abertura.

"Acho que a maioria das pessoas que chega na universidade espera que a vida tome um rumo completamente diferente... Obviamente eu também. Tudo o que eu quero é começar de novo. É nisso que eu penso enquanto encaro a parede de tijolinhos à frente. Só quero deixar tudo pra trás e enfim ser alguém legal."

Mas o livro não é só isso. Não é só faculdade, aprendizado e festas. Ele trata de um tema muito recorrente na sociedade atual: o feminismo. Não, não é um livro feminista. Não, não é algo imposto pra você. Conforme a Pam escreve e o leitor segue o fluxo, algumas coisas são ditas. Não sei se estou conseguindo explicar muito bem, mas é com uma escrita simples e fluída - me lembrou a Jennifer Brown - que a autora consegue passar a mensagem de que homens e mulheres devem ser iguais e não, uma mulher não deve ser educada para não usar saia curta, e sim o homem deve ser educado para respeitá-la. 



Além disso, um ponto que me deixou muito feliz é a bissexualidade da Manu relatada de uma forma extremamente normal. A autora não ficou em nenhum momento citando isso diversas vezes, estudando, ela simplesmente disse, naturalmente. E isso é simplesmente incríveeel!! Há muitos livros por aí que tratam a homossexualidade como algo normal - e outros que a usam como foco - mas nunca tinha encontrado um que relatasse a bissexualidade. E pois é, gente, pessoas gostam de pessoas e isso é normal!

"(...) É o que a cultura do estupro faz com a nossa sociedade, nos cala e nos tolhe os direitos."

Creio que seu principal objetivo era impactar, de alguma forma, as pessoas que leem esse livro. E ela usou sua visibilidade da melhor maneira possível passando esse recado. Então obrigada, Pam Gonçalves por me mostrar que você não precisa de uma ideia genial para escrever um livro bom. E obrigada, por mostrar para as pessoas que as mulheres devem ser respeitadas e tratadas da mesma forma que os homens. 

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Precisamos falar sobre o Setembro Amarelo


Setembro amarelo é um projeto de conscientização e prevenção ao suicídio. Com isso, muitas informações estão circulando, o que é bom. Porém, sinto que o suicídio está sendo banalizado. Não, o projeto não tem esse intuito, mas é o que está acontecendo como consequência. Várias pessoas estão postando em suas redes sociais uma imagem/texto que diz "se precisar de alguém para conversar ou só te ouvir, pode me chamar no inbox", a questão é que muitos estão fazendo isso só para se sentirem melhores consigo mesmos ou então só porque todo mundo está fazendo. Suicídio não é assim!!!
Quando uma pessoa pensa em tirar a própria vida saiba que essa nunca foi a sua primeira opção, mas a última. Suicídio é válvula de escape do corpo de quem não vive mais. De quem está apenas vagando por aí. E não, uma pessoa que pensa em se suicidar, não vai ver mil posts de pessoas que nem conhece dizendo a mesma coisa e chamar no inbox e dizer todas as suas dores. Não funciona assim.
Não culpo as pessoas que estão participando disso porque elas não passaram por esse momento e não tem como saber o que é esse sentimento. Mas me irrita toda essa banalização. Esse projeto com certeza está ajudando bastante trazendo essa discussão em pauta e mostrando para as pessoas como ajudar. Mas não é com um post egocêntrico que isso vai acontecer. Peço desculpas se esse texto ficou confuso, mas precisava realmente desabafar.
Uma postagem abrindo o seu coração para apoio ajuda.
Mas ajuda ainda mais perguntar para alguém que passa por você de cabeça baixa se está tudo bem e querer, de fato, saber se está tudo bem.
Ajuda cuidar do seu amigo que está se sentindo excluído.
Ajuda não julgar os problemas de quem é próximo a você como drama.
Ajuda fazendo alguém se sentir importante.
Diga para as pessoas que elas são importantes.
Mas diga mesmo.
O dia de um suicida melhora com um elogio de um desconhecido, mas sua vida ganha um pouquinho mais de cor quando quem convive com ele mostra a sua importância.
Espero que entendam o que eu quis dizer.
Precisava trazer essa discussão.
Não banalizem esse projeto.
Não façam ele perder a sua força.

domingo, 4 de setembro de 2016

Resenha: O Último adeus - Cynthia Hand


Editora: Darkside
Ano: 2016
ISBN: 9788594540027
Páginas: 352
Nota: 5/5

O outro lado do suicídio.

Lex acabou de perder o irmão, Tyler. Mas não é uma perda comum. Existem dois lados do suicídio. O lado de quem se suicida e o lado de quem fica. Lex ficou. A garota agora precisa lidar com o fato de que Tyler parecia estar bem, mas na verdade tinha como única saída o outro lado da vida. O lado temido pela maioria. Seu irmão cometeu suicídio na garagem de sua casa atirando em si. O terapeuta de Lex faz com que ela escreva uma espécie de diário contando, primeiramente, suas duas lembranças mais fatais com Ty. A primeira e a última. 

"As pessoas que amamos nunca se vão realmente."

O Último adeus é uma história sobre superação e aprendizado. Sobre aprender a lidar com a perda e perceber que, as vezes, não há nada a ser feito. As vezes, a morte é mesmo a única solução. Lex não precisa lidar apenas com a morte do irmão, mas com a ausência do pai e o desespero e angústia da mãe, que não consegue, de jeito nenhum, seguir com a sua vida.

"Desculpe, mãe, mas eu estava muito vazio."

Eu poderia dissertar eternamente sobre esse livro, mas simplesmente não consigo. Talvez essa seja a resenha mais curta que escreverei no blog. Já li muitos livros com essa temática, mas esse realmente me surpreendeu.

"Pelo menos, estou determinada a ser direta. Meu irmão se matou. Na nossa garagem. Com um rifle de caça. Isso faz com que pareça o jogo mais cruel do mundo, mas é isso."

Recentemente, perdi a minha avó. Não sou uma pessoa que coloca pra fora o que sente. Chorei poucas vezes. Era algo interno. Continua sendo algo interno. Mas não costumo pensar muito sobre isso. Quando comecei a ler esse livro, parecia que a personagem era eu. Salvo por algumas características, era como se fossemos as mesmas pessoas e estivéssemos vivendo a mesma coisa. Eu senti - e sinto - tudo o que está escrito ali. Toda a impotência de não saber o que fazer no enterro, do que dizer quando ela encontra a mãe chorando. Todas as cartas, todos os sentimentos e aquela coisa chamada pesar. Eu realmente não sei explicar, mas depois que terminei de ler precisei digerir tudo aquilo.
Sabe, não costumo chorar com livros, mas O Último adeus me arrancou duas lágrimas. Duas fucking lágrimas e um muito obrigada, Cynthia Hand.