sábado, 24 de maio de 2014

Borboleta azul

Presa em seu próprio casulo a menina pede por socorro. A menina tenta se libertar e virar uma borboleta. Ser lagarta cansa. Cansou. Uma vida inteira pela frente e a menina presa em seu casulo. Olhos fechados. Uma historia de amor. Mentira. Ilusão. Olhos fechados. Uma melhor amiga. Risada. Malicia. Desejos. Mortos. Socorro. Ela não vai se libertar. Precisa se libertar. Uma borboleta azul. A borboleta azul. Azul como o céu. Azul de liberdade. Liberdade? Quer voar. Não voou. Sonhar. Voar. Viver. Não vive. Cansou. Cansou. Uma menina em um jardim ajuda a sua mãe a cuidar das flores. Uma borboleta azul em seu ombro.

- Beatriz Nogueira

sábado, 17 de maio de 2014

Resenha: Dias perfeitos - Raphael Montes

Autor: Raphael Montes
Editora: Companhia das letras
Páginas: 280
"Téo é um solitário estudante de medicina que divide seu tempo entre cuidar da mãe paraplégica e examinar cadáveres nas aulas de anatomia. Durante uma festa, ele conhece Clarice, uma jovem de espírito livre que sonha tornar-se roteirista de cinema. Ela está escrevendo um road movie sobre três amigas que viajam em busca de novas experiências. Obcecado por Clarice, Téo quer dissecar a rebeldia daquela menina. Começa, então, uma aproximação doentia que o leva a tomar uma atitude extrema. Passando por cenários oníricos, que incluem um chalé em Teresópolis e uma praia deserta em Ilha Grande, o casal estabelece uma rotina insólita, repleta de tortura psicológica e sordidez. O efeito é perturbador. Téo fala com calma, planeja os atos com frieza e justifica suas atitudes com uma lógica impecável. A capacidade do autor de explorar uma psique doentia é impressionante – e o mergulho psicológico não impede que o livro siga um ritmo eletrizante, repleto de surpresas, digno dos melhores thrillers da atualidade. Dias perfeitos é uma história de amor, sequestro e obsessão. Capaz de manter os personagens em tensão permanente e pródigo em diálogos afiados, Raphael Montes reafirma sua vocação para o suspense e se consolida como um grande talento da nova literatura nacional."

Téo é o perfeito psicopata, construído minuciosa e inteligentemente por Raphael Montes. Tudo começa quando o estudante de medicina conhece a jovem Clarice, apaixonada por cinema - que está escrevendo um roteiro denominado Dias perfeitos - mas ela não parece estar tão interessada assim.
Com sua paixão recente, Téo não pensa em desistir e faz de tudo para tê-la - literalmente. O homem acaba a sequestrando e levando para o hotel preferido da garota, uma das cenas aonde o roteiro de cinema se passa.
O livro é bem pesado e bem trabalhado, cada ação de Téo faz completo sentido na cabeça dele, de forma que, para ele, o que faz é certo. O leitor tem as duas visões - de modo que o livro é narrado em terceira pessoa - a visão de fora e a visão de Téo, para nós é absurdo ler essa história, assustador entrar de cabeça em tudo o que ele faz com Clarice e ainda mais assustador perceber o quanto isso realmente faz sentido na cabeça de Téo, como o psicopata frio pensa e é extremamente racional.
Ao longo da história, Clarice vai mudando sua personalidade, do meu ponto de vista, ela acaba quase enlouquecendo, até chegar a certo ponto - que não posso contar, senão seria spoiler.
O final me desagradou muito, queria realmente saber qual foi o proposito do autor com esse desfecho. Porém o conjunto da obra fez com que eu tirasse a seguinte conclusão:
"Dias perfeitos" é o perfeito thriller psicológico - e escrito por um autor nacional - recomendo para todos aqueles, que assim como eu, acreditam ser muito interessante entender a mente daqueles que, de certa forma, perderam a sua sanidade.
Obs: Este é um daqueles livros em que o enredo não é tão importante, ou seja, não é preciso que se foque no enredo em si, mas sim em sua construção, na construção dos personagens - principalmente de Téo - e suas ações.