sábado, 10 de dezembro de 2016

PH Poem a day

A Chanice do blog Perhappiness criou o PH Poem a day. Um desafio de escrita para todos aqueles que são amantes dessa arte. A cada dia do mês, um tema, uma palavra. A cada dia do mês, uma poesia. Clicando ali em cima no blog dela você pode saber mais sobre o desafio. Por ora, vou mostrar para vocês os temas de dezembro.

Eu sou uma negação com desafios. Ia fazer o NaNoWriMo e fracassei miseravelmente, não escrevi absolutamente n a d a. Mas, apesar de esquecer alguns dias e fazer atrasado, estou até que indo bem. Por isso, hoje vim aqui compartilhar os meus textos favoritos dessa semana. Escrevi até poema!

A harpa
Era divertido brincar com você. Tocar a minha harpa e te ver dançar com os cabelos loiros esvoaçantes. Às vezes, você chegava da escola com um rabo de cavalo e não tinha sensação melhor do que te ver aliviada por desmanchá-lo e dançar para mim. Leve, como se pudesse flutuar. Lembro-me do sorriso que você dirigia a mim. Lembro-me de como você queria me tocar, mas simplesmente não podia porque minha vida era definida em uma cadeira de rodas. E eu não queria que você soubesse o quanto meus músculos eram frágeis e só a minha cintura pra cima sentiria o seu toque. Meu melhor momento era fazer música pra você e te ver dançar. Sorrir para mim.
Mas você se foi.
E a harpa ficou.
A cadeira também.

As cutículas
Talvez se eu tivesse negado
                                  Tantos beijos sem motivo,
Eu me amasse mais.
Talvez se eu olhasse no espelho
                                  E não visse um lixo,
Eu me amasse mais.
Talvez se eu te deixasse ir embora
                                   Pra nunca mais,
Eu me amasse mais.
Talvez se eu não vivesse arrancando cutículas
                                         Com o dente,
Eu me amasse mais.
Talvez se eu não fosse tão ansiosa
                                      E tão confusa,
Eu me amasse mais.

E talvez se eu tivesse aprendido
Que me amar mais
Dependeria
                 Só
                     De
                          Mim.
E de aceitar
                Todos os
                              Meus
         DEFEITOS
Eu me amaria.

A ferida
Sinto-me mal por não conseguir me sentir mal ao ver suas feridas abertas. E saber que eu provoquei cada uma delas. Foi difícil te manter aqui sob meu encanto, mas você permaneceu, mais uma vez. Você me temia e não foi embora e o medo é maior que o amor. O medo sempre vence. Mas quando tentei tirar as suas roupas para consumir de nossa lua de mel, você recuou. E se você não tivesse recuado, talvez não estivesse morta. É difícil dizer isso, mas você sempre foi a minha bonequinha. Literalmente. Na verdade não é difícil. Eu estudo. Sei o que sou. E você foi seduzida por alguém com muitos problemas mentais. E não quis ser a minha primeira mulher. Recuou. Foi embora. Ah, querida, você devia ter pensado melhor. Aí eu não estaria aqui, causando feridas e sugando seu sangue. Não teria que fazer isso de um jeito pior. O nome disso não é amor. O nome disso é medo. De amar?

A vodka
Você foi embora e tudo o que me deixou foi uma garrafa de vodka. Como se soubesse que assim que você desse meia volta e voltasse para a sua vida feliz com a sua esposa eu faria questão de virar essa merda até não saber até onde estou. E não sei. Fiquei perdido em você, acreditei em suas palavras e tudo o que me resta agora é esse líquido em cima da mesa, dentro de uma garrafa transparente. Esse líquido promete me fazer te esquecer por uma noite. Deve ser uma coisa mágica, conseguir deixar de lado todas as promessas que você me fez. Você se descobriu comigo, ou pelo menos era o que dizia. Ingênuo fui eu de achar que ao invés dessa garrafa, você me deixaria os documentos do seu divórcio. É difícil demais pra você admitir que gosta de comer outros homens, não é?! Filho da puta. Agora eu tô aqui, abrindo essa garrafa porque é a última coisa que me lembra você e o nosso maldito primeiro encontro. Mas o nosso primeiro encontro era uma reunião da empresa e você tinha que levar uma bebida para o seu chefe. Ordinário. Mal sabia que o meu chefe sempre foi você. Chefe de todas as minhas ações. Você tomou conta da minha vida. A minha vida sem graça e entediante. Os comentários. Escutava comentários dizendo que nunca ninguém ia se submeter a amar uma bicha como eu. E sabe o que eu fazia? Eu ignorava. Ignorava porque sabia que você. Você me amava. E essa merda ta ardida e ta queimando mas não queima mais do que lembrar de quando você disse que me amava e amava tanto que estava disposto a deixar tudo pra trás e fugir comigo. Ingênuo sou eu que acreditei. Você nunca destruiria sua vida perfeita por mim, destruiria? Eu me humilhei tanto. E eu estou me humilhando agora, escrevendo esse texto em um manuscrito qualquer. E isso provavelmente vai ficar todo manchado de vodka quando eu parar de escrever e começar a beber pra valer. Arde. Queima. Trucida. Aos poucos. Eu quero tanto que você se foda. Você. Você não me deixou nada. Não podíamos ter nada concreto, nenhum objeto que remetesse a nós dois. Eu me submeti a isso. E estou me submetendo a esse líquido comprometedor que não está me fazendo esquecer porra nenhuma. Por quê? 

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