sábado, 7 de janeiro de 2017

Juntando os pedaços - Jennifer Niven

Editora: Seguinte
Ano: 2016
ISBN: 9788555340246
Páginas: 392
Nota: 3.8/5

Pegue um pedacinho de Libby pra você.

Juntando os pedaços é uma história bem diferente de Por lugares incrivéis. Talvez eu possa dizer que as duas obras possuem o mesmo propósito, mostrar que você é sim, amado. Mas isso é mostrado de formas diferentes. Nesse livro a autora acrescenta que você precisa, também, se amar. O livro conta a história de Libby, uma garota que acabou ganhando muito peso após a morte da mãe e teve que ser tirada de casa com um guindaste — literalmente. Além disso, desenvolveu um problema de ansiedade e parou de frequentar a escola. O livro começa quando ela volta, anos depois. Jack é um daqueles garotos escrotos da escola, mas que, no fundo, tem um coração bom. E ele também tem um problema. Jack sofre de prosopagnosia, isso é, não consegue reconhecer rostos. Ele não liga o rosto a pessoa, então usa de marcas próprias para que possa as reconhecer. Segundo justificativa, age sendo um escroto para que ninguém descubra sua condição.

"E de repente me sinto nua, como se estivesse sobre uma mesa de dissecação, as entranhas expostas para o mundo. Nunca vou conseguir explicar para alguém a importância de estar preparada, de estar sempre um passo à frente de tudo e de todos."

O livro, se for pensar bem, possui um romance bastante clichê. É bem óbvio que Jack e Libby iriam se apaixonar e mais óbvio ainda quando Jack diz que ele reconhece o rosto dela, e é o único rosto que consegue reconhecer. Eu fiquei esperando alguma explicação científica, mas quando descobri que era só amor... fiquei bem really? Mas essa foi a única decepção, porque o clichê eu já esperava.

"Só que as pessoas pequenas — pequenas por dentro — não aguentam o fato de alguém ser grande."

Na verdade, fiquei decepcionada também. De acordo com a sinopse, Jack e Libby teriam que curar suas cicatrizes antes de ficarem juntos. Quando li isso, comecei a quase chorar porque isso define muito do que eu estou/estava passando. Mas, ao decorrer do livro, vemos uma Libby que aprende a se amar e é a garota mais foda do mundo. Eu queria entrar na história, dar um abraço nela e agradecer por me ter feito levantar a autoestima. Mas Jack não se curou. Jack cresceu, mas não se curou. E, nas entrelinhas, diz que Libby o faz sentir bem e tudo mais. E acho que isso é ótimo, sério. Mas antes ele precisava se sentir bem consigo mesmo. Isso me deixou um pouquinho chateada com a sinopse que não foi cumprida. Senti falta desse amor próprio do Jack.

"É a vulnerabilidade da vida, o fato de que pode mudar num instante, que me deixa ansiosa quando vou dormir e que me faz dizer a mim mesma que preciso respirar quando estou acordada."

A mensagem principal do livro é Alguém gosta de você e eu achei isso maravilhoso. Porque você pode achar que não, mas alguém por aí gosta sim de você, mesmo que você esteja acima do peso, mesmo que você seja mandona, mesmo que sua risada seja estranha, mesmo que você seja muito abaixo do peso, mesmo que (acrescente qualquer coisa que você considera um defeito aqui). Nós somos formados por defeitos, eles nos tornam quem somos em conjunto com as nossas qualidades.
O principal ponto positivo para esse livro é a forma com que a história é escrita. É bem leve e fluída, não cansa. Então você não precisa ficar parando de ler e continuar mais tarde porque sua cabeça cansou. E a autora construiu a história de uma forma que nem consigo descrever. Agora, como escritora, fico prestando bastante atenção nesse detalhe da escrita e Jennifer Niven me deixou admirada como ela consegue fazer com que as palavras fluam. Ela também pesquisou muito sobre prosopagnosia, tornando a história muito mais realista.

"Amo sua risada divertida e rouca, que faz parecer que ela está resfriada. Amo o jeito como anda, como se desfilasse. Amo sua imensidão, e não estou falando do peso físico."

Juntando os pedaços não me fez chorar e também não conseguiu me tocar tanto quanto uma certa série sobre o tema, mas é um livro muito bom para te fazer pensar e perceber que sim, você é amado. Todos nós deveríamos pegar um pouquinho da Libby para a gente e mostrar para o mundo o quanto somos poderosos exatamente do jeito que somos.

2 comentários

  1. Adoro o modo da Jennifer Niven de contar histórias. Como você disse, sua escrita não é nem um pouco cansativa. Pelo que me lembro, os capítulos eram bem curtinhos em Por Lugares Incríveis, e isso contribuía para a leitura ser rápida.
    Acho que Jennifer Niven se empolgou um pouco naquela história de que seus personagens não devem ser perfeitos, hahaha, já que em Por Lugares Incríveis o personagem masculino, o "par" da principal também não acaba com todos seus problemas resolvidos.
    Me parece um livro bom, às vezes é bom se sentir amado, não é? Hahahaha
    Beijos!

    Explorando Mundos

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    1. Acho os capítulos desse livro são mais curtos ainda, mas todos contam o que precisa contar — e isso é ótimo!! Ah, mas acho isso maravilhoso, porque no fim das contas ninguém é perfeito. E sim, em Por lugares incríveis o protagonista não acabou com todos os seus problemas resolvidos, mas a autora, ao meu ver, tinha essa intenção. Agora, esse era pra ser uma história de superação, sobre se amar pra depois ser amado, e isso eu não consegui ver nele.
      Mas de qualquer forma, é um livro bom!
      Beijos!!

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