segunda-feira, 3 de julho de 2017

[LIVRO] Outros jeitos de usar a boca


E todos os outros poemas presentes nesse livro são assim. É como se, de repente, uma mágica acontecesse e as páginas se tornassem vivas. Grandes mãos ásperas e doces, destroçadas e imaculadas prontas para dar um tapa na cara do leitor a cada página virada. 
Essa obra viva foi escrita pela Rupi Kaur, uma mulher nascida na Índia que vivenciou vários absurdos, sejam vindos da cultura local ou do que estava passando em sua família e vida amorosa. É dividido em quatro partes: o amor, a dor, a ruptura e a cura.
Quando a leitura é feita na ordem, torna-se uma história. Mas a questão é justamente não ser apenas UMA história. É a vida dela e subitamente a sua vida também e a da sua melhor amiga. É sobre ver no outro o que vê - ou não - em você.
Eu poderia até fazer uma resenha desse livro, mas resenhas são tão certas e com enredo e conclusão e desses poemas bagunçados e dolorosos e curadores eu não posso tirar conclusão nenhuma. Porque hoje eu senti uma coisa e amanhã posso sentir outra completamente diferente.
Hoje, um poema me doeu. Amanhã, posso rir dele. Ou ele pode me reerguer.
E essa é a graça.
Obrigada, Rupi, por toda a dor que conseguiu me proporcionar. E por tentar me curar aos poucos. Para existir a cura, precisa existir a dor.
E obrigada por compartilhar conosco a essência da poesia: a alma. nua e crua.

Um comentário

  1. Adorei a forma como tratou o que pode dizer um poema no presente e no fututo!!!

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