Não sei definir ao certo o ponto
em que se deu início. A verdade é que sempre fui uma manteiga derretida, mole
demais, carregando esse coração sensível. Só que dei tempo ao tempo, e imagino
que encontrei uma forma de me proteger do mundo, para que as coisas não sejam
tão cruéis quanto realmente são. Só não
compararia a uma máscara, porque esta não é suficiente. Cobre o rosto, mas o
resto do corpo continua ali, a ser atingido a qualquer momento, esperando que
sua hora chegue.
Eis então que conheci a armadura,
me revestindo por completa. Mas se engana quem pensa que ela é a prova de
balas. Porque a bala de qualquer forma veio em sua direção, pode não ter
atingido a primeira camada, a da superficialidade, mas pode mexer com sua
emoção.
E é assim que vou levando, sabe
como? Todo o dia ao levantar visto minha armadura que representa uma força que
eu não tenho para as pessoas, para o mundo. Leva um bom tempo até perceberem o
que tem por de trás. Talvez eu nem
represente tão bem os meus sentimentos, pareça seca, grossa, e ao mesmo tempo
independente, no sentido de levar a vida, rindo de tudo, como se ela estivesse
maravilhosa. Não sei se já leu isso alguma vez, mas, desconfie de quem ri
demais. Essa pessoa é triste; Pode estar incomodada, ou simplesmente,
escondendo a maior dor do mundo dentro de si. O coração mole ainda está lá. Portanto,
se você conhece alguém assim, ajude. Enxergue o por trás. Dê um simples abraço
e suas palavras de conforto. Acredite, um “vai ficar tudo bem” pode arrancar
lágrimas, seja de alívio, ou da descoberta que alguém conseguiu finalmente
olhar dentro dos seus olhos, bem lá no fundo. Os olhos dizem muito pelas
pessoas, talvez tudo. Os meus nesse momento revelam um enorme vazio. Repare
mais. Preencha o de alguém enquanto é tempo.
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