A verdade é que não sei direito por onde estou andando. Algo me disse que esse túnel chegaria em algum lugar. Talvez não seja uma boa chegada, provavelmente vai combinar com a péssima partida. Parti. Apenas uma mochila bege pendendo em um dos ombros. Minhas sapatilhas já sujas por todas as vezes que andei por essa cidade imunda. A imundice inunda os bares, os becos e as casas. A sujeira vaza pelos narizes de cada indivíduo. Ninguém consegue se livrar dela. E eu tentei. Tentei limpar cada móvel. Tentei limpar cada cômodo da casa. Tomei mais de trinta banhos. Esfreguei a maldita esponja até a minha pele ficar vermelha. Vermelho cor de sangue. O sangue imundo que inunda o meu corpo agora. Não é mais algo visível. Talvez eu esteja andando em busca de redenção. Mas a verdade é que não me arrependo do meu ato. Reclamo da imundice mas acabo seguindo a linha da hipocrisia e me sujando também. Sujei-me de sangue, sim. Não nego. E agora, depois de limpa, ele permanece em minha memória. Minhas roupas denunciam uma garota de gênio forte, mas doce. Talvez o gênio forte tenha me feito tentar limpar um pouco da sujeira dessa cidade. E durante essa limpeza, tornei-me imunda. Agora busco por um lugar onde possa descansar. Não em paz, mas junto de todos aqueles que se sujaram como eu. Há alguém no fim do túnel, agora eu posso ver. Todas as luzes apontam para uma escada. Uma escada cheia de musgos. Uma escada completamente brilhante. Uma garota ruiva brinca em seus degraus. Eu estou a observando e caminhando em direção a ela. A garota derruba uma mochila bege. Nossos olhares se encontram. Eu sorrio. Ela derruba uma lágrima. E no meio de toda essa imundice, eu encontro alguém igual a mim. Tem sempre alguém te esperando do outro lado.
Texto baseado na foto acima. Porque de repente, uma foto surge junto com uma história (ou um texto meio sem sentido) na cabeça do escritor. Dessa vez, não foi diferente. A foto é original do instagram da Sophia Abrahão. (sophiaabrahao)
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