Esse texto faz parte da blogagem coletiva do grupo blogs up. O tema é "Amigos virtuais" mas resolvi mudar um pouco. Já que o comum seria escrever algo mais amoroso, bonito e tal, decidi fazer um texto mais creepy haha. Espero que gostem!
Empty Room
Era a nossa rotina. Oito horas da noite. Em ponto. Ali estávamos. Nossa segunda vida representada através de uma tela do computador.A mesma sala. Empty Room. Éramos só nós dois, a sala ficava sempre vazia, assim como nossas primeiras vidas. Vazio, como todos os dias vividos. As pessoas passavam, os pássaros cantavam, não sentia nada. Nunca senti. Ele deixou de sentir também. A crueldade cegou meus sentidos e somente enxergava, não via. Nada tinha valor. Só aquela sala. Ali conseguia sentir algo e, segundo ele, o sentimento era recíproco.
Na sala vazia, duas vidas se cruzavam, duas vidas tentando convencer uma a outra que valia a pena. Tentando convencer ao outro e a si mesmo que a melhor saída não seria o precipício.
Combinamos de ligar a webcam, mas nunca quisemos nos mostrar de verdade. Eu nunca fui uma pessoa boa. Talvez ele também não tivesse sido, não depois de tudo. Mas queríamos estar ali. Porque enquanto o mundo inteiro me chamava de louca, o vazio me entendia. Chegamos a conclusão que deveríamos usar máscaras. Máscaras que nos representaram por muito tempo.
Só depois percebi o motivo. Quando ele me mostrou os cortes. Nunca precisamos disso. O mundo era o nada. Mas para ele não. Não sei exatamente o que aconteceu, mas meu melhor amigo começou a sentir. Talvez eu também, um pouco. Por ele. O sentimento estava escapando pelas entranhas. Sabia que aquilo foi um erro. Encontrá-lo fora da sala, mesmo que só através de máscaras e uma tela de computador.
As vidas começaram a se misturar. O garoto contou para ela, tudo mesmo. Tinha sido sedado após uma surra. Chamado de louco. Então, ele enlouqueceu. Enlouqueceu de fato quando as cores atravessaram a retina, os cheiros entraram por suas narinas. Gostou da insanidade, mesmo que aquilo o machucasse. Ela tentou se manter firme. Naquele momento soube que teria que unir forças e puxa-lo de volta. Mas não poderia sentir. Nunca mais.
Queria gritar na cara dele o quanto aquilo era errado. Como meu próprio pai me fez provar da crueldade do mundo quando tinha apenas seis anos.
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Ela chegou do colégio e saiu correndo para o computador. Os dois haviam combinado de tirar as máscaras. Depois de muito tempo, decidiram unir as duas vidas, era preciso encontrar esse meio termo. Mas naquele dia, ele não apareceu. Somente ela. Empty Room. Mas havia um link ali. Então, ela clicou. Clicou e o viu tirar a máscara e pegar um pacote de remédios. Fechou os olhos e só abriu quando escutou a voz do garoto. Encarou seus grandes olhos enquanto ouvia.
- Eu sou o vazio.
(Esse texto foi inspirado no filme Suicide Room)
Nossa! UAL mais que texto impactante! Adorei Beatriz, meus parabéns.
ResponderExcluirNão tenho palavras para transmitir o que senti ao ler essa sua postagem, só sei que isso me surpreendeu de uma certa forma que é dificil de explicar hehehe
Parabéns!
Beijos Pão de Queijo!
www.vontadeler.com.br
Que post maravilhoso, Bia! (posso te chamar assim? haha)
ResponderExcluirVocê melhora sua escrita cada vez mais! Traga mais post's pessoais, eu irie adorar hahaha!
Abraços :)
www.chamandoumleitor.blogspot.com.br
tem bem a cara do filme e bem inspirador
ResponderExcluir:*
http://armazemdochef.blogspot.com.br/
Você escreve super bem, parabéns! É um texto bem impactante sabe, que "chega chegando" (não acredito que escrevi essa expressão..). Você quer ser escritora também?
ResponderExcluirAbraços!
www.palavrasefogo.blogspot.com.br/