Editora: Companhia das letras
Ano: 2012
ISBN: 9788535920260
Páginas: 96
Nota: 4/5
O que moralmente correto significa?
Na pele de um garoto de 10 anos, somos apresentados a uma narrativa que gira em torno de um hipopótamo anão da Libéria, animal desejado pelo menino. O pai da tudo para ele e acaba indo em busca desse animal. A história começa com o desejo e termina quando essa busca cessa. Porém, por mais que o garoto seja bastante esperto para sua idade, também é muito inocente.
"Uma das coisas que aprendi com o Yolcaut é que às vezes as pessoas não viram cadáveres com uma bala. Às vezes precisam de três balas ou até de catorze. Tudo depende de onde você atira."
A história toda, na verdade, tem como plano de fundo o narcotráfico no México, que nunca é citado - pois o menino não entende isso. É uma narrativa curta que pode ser lida em menos de uma hora, mas entendê-la e pensar sobre ela vai levar muito mais tempo.
"Eu conheço muitos mudos, três. Às vezes, quando falo com eles, eles tentam falar e abrem a boca. Mas continuam calados. Os mudos são misteriosos e enigmáticos. O que acontece é que com o silêncio a pessoa não pode dar explicações. O Mazatzin acha o contrário: diz que com o silêncio a gente aprende muita coisa. Mas essas são ideias do império do Japão, de que ele tanto gosta. Eu acho que a coisa mais enigmática e misteriosa do mundo deve ser um mudo japonês."
Um recorte na vida de um garoto que nos faz refletir sobre a moral, que pode ser - e foi - alterada dependendo do ambiente em que se vive. Não há maneiras de que o garoto venha a ter outro destino senão o mesmo que seu pai, ainda mais por viver isolado e só conhecer por volta de 15 pessoas.
"Hoje o Miztli e o Chichilkuali fizeram coisas misteriosas, como encher uma caminhonete com umas caixas que eles tiraram de um dos quartos vazios que não utilizamos. Quando eles foram embora coloquei um chapéu de detetive e descobri um dos enigmas do Yolcaut."
É algo bem curto, mas muito inteligente, que merece ser lido e relido. Fiz essa leitura para o clube do livro e, no princípio, tinha ficado confusa. Mas conforme discutíamos, as ideias clareavam na minha mente. Acho que essa discussão é necessária quando chegar a última página.
Essa é uma obra incrível! Adoro o Juan Pablo e não perco uma crônica dele no Blog da Companhia! Ele é um gênio!
ResponderExcluir>> Vida Complicada <<
Ele é genial mesmo!!
ExcluirBeijos!