sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Resenha: Mate-me quando quiser - Anita Deak

Editora: Gutenberg
Ano: 2014
ISBN: 9788582351819
Páginas: 248
Nota: 5/5

O tiro pode anteceder o paraíso para aqueles que não aguentam mais.

A história é ambientada em Barcelona. Somos apresentados a vários personagens em terceira pessoa. A Mulher seria a protagonista - apesar que, no fim das contas, todos passam a ser. Ela deseja morrer. A morte é sua única saída, mas não consegue acabar com a própria vida. Então contrata Soares, um matador, que, acostumado a ser pago para matar um outro alguém, nunca havia recebido um pedido de suicídio encomendado. Mas não é só isso. Há muito mais. Tudo começa quando, pela inércia ou simplesmente curiosidade, a Mulher começa a seguir um Homem após sair de um restaurante - ambos pediram o mesmo prato. Não é ali que nasce um romance. Esse é o ponto chave da história. Lidar com a morte e as sombras é muito mais que o barulho de um tiro ou a fuga com um homem apaixonado. A Mulher descobre que o Homem tem duas esposas, a Loira e a Morena. Soares deve se infiltrar em Barcelona para conseguir matar a Mulher, sem avisos. Assim, as cinco vidas se cruzam, vidas que se misturam. E ali, nasce a narrativa extremamente bem feita. Um romance noir que realmente me surpreendeu. 

"Mas é do somatório de pequenos fatos, aparentemente sem sentido, que se faz a história."

Apesar de o foco ser principalmente a Mulher e o Matador, também acompanhamos um pouco da mente de cada um dos outros personagens. Você vai perceber que todos acabam tendo o mesmo peso. Amo o modo como cada um é apresentado. A narrativa é desenvolvida em terceira pessoa, mas em muitos momentos o narrador se coloca em meio à situação e dialoga com o leitor, tornando a leitura muito mais dinâmica e atrativa.

"É na iminência da morte que o ser humano, enfim, fica nu. O susto e o medo desvelam a retina de tudo o que foi aprendido. Sobram só um homem ou uma mulher reduzidos ao brilho ocular da infância. Soares detestava essa visão. Era como matar crianças."

O livro é genial, também, por suas reflexões. Não é uma coisa do tipo "esse texto foi feito para você pensar e refletir", mas algo que ocorre naturalmente. São expressões usadas normalmente, mas que, para cada um, terá um peso diferente. É um livro que aparenta ser simples, mas é mais complexo do que parece ser.


O modo como os enlaces da narrativa são feitos também são incríveis. Anita Deak estava super preparada quando escreveu esse livro. Tudo se encaixa perfeitamente. Não há do que reclamar, apenas que acabou. 

"Era uma conversa feita de memórias construídas, inventadas e editadas, como de fato são todas as conversas e memórias."

Recomendo Mate-me quando quiser a todos aqueles que, assim como eu, já se encantaram de cara pelo título. Recomendo a todos que gostam de uma narrativa nua, mostrando o lado real da vida - e dos segundos antes de puxar o gatilho. Não espere um thriller psicológico, mas uma história que, ainda assim, irá mexer com a sua cabeça.

Um comentário

  1. Que resenha bacana e adorei a obra, a capa e contra capa são lindas. Dá até gosto de ver na estante né?! hehehe

    >> Vida Complicada <<

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