quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Resenha: A garota que tinha medo - Breno Melo

Editora: Chiado
Ano: 2013 
ISBN: 9788580132793
Páginas: 277

A Crise estava tomando conta da vida de Marina.

Marina está em uma fase de transição de sua vida - o vestibular e a universidade - quando presenciou um formigamento geral, dificuldade na respiração, contrações involuntárias, tremedeiras e um intenso medo de morrer; o primeiro ataque de pânico. Muitos amigos são perdidos, ela perde muitas da coisas que havia conquistado, um medo constante junto com a ansiedade, e deve controlar tudo isso, seu maior objetivo é voltar a ser feliz, sem as crises e levando uma vida normal.
A garota que tinha medo é narrado em primeira pessoa pela própria Marina de maneira meio autobiográfica, contando sua história - o que nos da ainda mais conhecimento da protagonista. Não é um livro cansativo de ler, mas também não te deixa extremamente curioso para devorá-lo, creio que possui a medida certa.

"Somos repetitivos em nossas ações, ainda que cada ação pareça nova devido às variantes. Em essência, nossos atos se resumem a meia duzia."

Vários momentos da vida de Marina são contados por ela, deixando a leitura bem dinâmica e mais ampla, coisa que não seria caso o autor focasse somente na crise. Claro que é o elemento crucial, mas possui um plano de fundo necessário e tirou um pouco a seriedade excessiva que o livro poderia ter.
Uma das coisas mais interessantes é que em vários momentos fiquei me perguntando se aquilo não era realmente uma biografia da Marina e não uma obra de ficção. Adorei como ela conversa e interage com o leitor.
A Crise do Pânico é muito bem retratada, de maneira mais informalizada o autor nos mostra muito de como são os panicosos, como é essa crise, o que eles sentem durante um ataque de pânico, coisa que acrescentou muito conteúdo ao livro e me agradou bastante, já que sou muito interessada por essa área da psicologia.

"Experimentei um misto de vergonha e ódio pensando nos alunos que haviam deixado a sala porque não suportaram assistir à minha crise. Eu também gostaria de ter me abandonado ali, voltando apenas quando a crise tivesse acabado. Mas eu era a única que não podia fugir da síndrome. Meu pequeno inferno alegre, que eu ama, havia se transformado num grande inferno triste."

Nos mostra a personalidade da garota pré-síndrome, também, que foi essencial e já nos permite analisar alguns daqueles sintomas, como preocupação excessiva com o futuro. Ainda é colocado a diferença ente surto psicótico e crise de pânico, algo muito importante.
Além disso, A Garota que tinha medo nos faz refletir sobre diversas coisas, principalmente sobre o tabu psiquiatra e remédios. Não concordo com muita coisa que foi dita, mas com certeza me abriu a mente e creio que fará isso com todos os leitores.


Porém, um ponto negativo é a religião tratada excessivamente no livro. Não concordei com algumas partes, mas esse não é exatamente o problema. A questão é que em vários capítulos há uma grande parte dizendo muito sobre esse assunto, algo que poderia ter sido melhor utilizado. Alguns leitores podem se interessar bastante pela religião, outros nem tanto, tornando-se uma parte cansativa. 
Não é um livro que possua uma história propriamente dita, com começo, meio e fim e o tal clímax. O foco é principalmente a vida de Marina e sua relação com a crise, mas que não deixa de ter uma ótima narrativa.

"Minha mente estava acelerada, meus pensamentos eram confusos. Eu havia perdido o controle sobre mim mesma, mas estava consciente de tudo. Era como estar sonhando e ter consciência do sonho, sem poder intervir."

Recomendo para todos aqueles que gostam desse tipo de livro meio auto-biográfico e dos assuntos relacionados a psicologia.

8 comentários

  1. Oi Bia,
    Eu li esse livro um tempinho atrás, em outra edição e publicado por outra editora kkk
    Me identifiquei muito com ele, porque já tive problemas com a síndrome do pânico e sei bem como é difícil encarar isso sozinha. Também me incomodou a religião em excesso e na minha resenha expus o mesmo que você kkkk.

    Beijo,
    Mari Siqueira
    http://loveloversblog.blogspot.com

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    1. Oi, Mari!
      Serio? Nossa, imagino como tenha sido pra você, mas ainda bem que ficou tudo bem, né?!
      Jura que te incomodou também? Pois é, achei que poderia ser melhor colocado..
      Beijos!

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  2. Oi Bia, tudo bem?
    Já vi várias resenhas sobre esse livro! O que mais acho interessante nele é o fato de tratar sobre a síndrome do pânico! Se vi algum livro que fala sobre esse assunto eu simplesmente não me lembro, então achei bem bacana a iniciativa do autor.
    O Fato de ser autobiográfico talvez deixe a leitura um pouco arrastada para mim, mas não sei né, pode até ser que não!

    Beijão :*
    http://www.livrosesonhos.com/

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    1. Oi, Mai, tudo sim e você?
      Exatamente, foi bem inovador!
      Então, ele não é autobiográfico, é ficção mesmo, mas a protagonista conta a história dela, então parece muito ser autobiografia de uma pessoa real. Acho que não vai deixar a leitura arrastada não, tudo é contado de uma maneira muito dinâmica, eu adorei!
      Beijos!

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  3. Oiii ... recebei esse livro do autor e estou bem curiosa por causa do tema, mas não fazia ideia de que trazia esse lado da religião ... agora fiquei mais curiosa pela leitura só que ao mesmo tempo comum pé atras ... kkkkk

    xoxo
    http://www.amigadaleitora.com/

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    1. Oi, Thais!
      Acho que vale a pena ler sim, a questão da religião é apenas um ponto negativo entre vários positivos.
      Beijos!

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  4. Oiee

    Olha eu não conhecia essa obra e nem sei se leria.
    Não faz meu estilo, mas parece-me ser algo bem legal de conhecer. Posso pensar em ler por causa do tema religião

    Beijos
    www.amorliterario.com

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    1. Oii!
      Entendo, as vezes a obra não faz nosso tipo mesmo, mas que bom que vai pensar ;)
      Beijos
      http://www.vivendonoinfinito.com/

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