domingo, 7 de setembro de 2014

Resenha: Proibido - Tabitha Suzuma

Editora: Valentina
Páginas: 304
Ano: 2014
ISBN: 9788565859363
Sinopse: "Ela é doce, sensível e extremamente sofrida: tem dezesseis anos, mas a maturidade de uma mulher marcada pelas provações e privações da pobreza, o pulso forte e a têmpera de quem cria os irmãos menores como filhos há anos, e só uma pessoa conhece a mágoa e a abnegação que se escondem por trás de seus tristes olhos azuis. Ele é brilhante, generoso e altamente responsável: tem dezessete anos, mas a fibra e o senso de dever de um pai de família, lutando contra tudo e contra todos para mantê-la unida, e só uma pessoa conhece a grandeza e a força de caráter que se escondem por trás daqueles intensos olhos verdes. Eles são irmão e irmã. Mas será que o mundo receberá de braços abertos aqueles que ousaram violar um de seus mais arraigados tabus? E você, receberia? Com extrema sutileza psicológica e sensibilidade poética, cenas de inesquecível beleza visual e diálogos de porte dramatúrgico, Suzuma tece uma tapeçaria visceralmente humana, fazendo pouco a pouco aflorar dos fios simples do quotidiano um assombroso mito eterno em toda a sua riqueza, mistério e profundidade."

Se tivesse que definir Proibido em uma palavra seria avassalador. Já fazia tempo que não lia algum livro assim, de cortar o coração e me deixar horas refletindo. Quando decidi fazer a leitura, já sabia que seria incrível e bem chocante devido a premissa do amor entre os irmãos e o incesto, mas o livro vai muito além disso, essa leitura ultrapassou os limites e me surpreendeu. 
O livro é narrado em primeira pessoa, sendo dividido entre os dois protagonistas por capítulos. Lochan e Maya são os irmãos mais velhos da família, o pai foi embora quando eram menores e a mãe quase nunca está em casa e, quando está, se encontra num estado deplorável, bêbada, se jogando pelos cantos, após mais uma noite com seu novo namorado Dave. Os protagonistas precisam então cuidar de seus irmãos mais novos, Kit, Tiffin e Willa, tomando cuidado para que a Assistência Social não descubra sobre o estado da família e os separe.
É muito interessante ver o crescimentos dos personagens ao longo do livro, tanto de Lochie e Maya, quanto de Kit, Willa e Tiffin. Algo que me doeu bastante é o fato de finalmente perceberem a situação real da mãe, a inocência perdida aos poucos.


Lochie é o mais fechado e sofre bastante ao longo do livro, vemos todas as suas dúvidas sobre o mundo, as inseguranças e como precisa de Maya. O garoto tem dificuldades para se relacionar com outras pessoas que não sejam a sua família, sendo assim, é considerado o "esquisitão" da turma.
Maya já é mais solta e tem uma melhor amiga, Francie, com quem conversa, porém, a protagonista não deixa de ter seus problemas e momentos agonizantes, principalmente após as 100 primeiras páginas. A garota me deixou com sentimento de impotência em muitos momentos do livro, queria só entrar na história e ajuda-la, ajudar os dois.
As cenas em família foram as que mais me deixaram agonizadas, a autora conseguiu passar com perfeição a inocência de Willa e Tiffin e os questionamentos e rebeldia de Kit. Naquela gritaria generalizada na hora do jantar, em que os irmãos se preocupavam se teria dinheiro o suficiente para comida no dia seguinte e Kit reclamava da mesma gororoba diária. Os confrontos entre Lochan e a mãe, entre os dois irmãos mais velhos da casa. Essas cenas me deixaram extremamente agonizadas e com sentimento de impotência, mas eu não imaginava que as coisas piorariam.
Ao longo do livro, Maya e Lochie percebem que o sentimento que tem um pelo outro não é um sentimento fraternal, não é apenas um sentimento de forte amizade, é muito mais do que isso, eles se amam e querem lutar para ficar juntos. Meu coração quebrou em pedaços ao ver os dois sofrendo por isso. Lochie, principalmente, começa a fazer um monte de questionamentos e se culpar por tudo, sofrer por amar a irmã, por saber que isso é errado.


São poucos os momentos de Proibido em que é possível respirar. Queria segurar aqueles momentos em que as lágrimas eram de felicidade. Quis segurar a luz no fim do túnel junto com a Maya e congelar aqueles momentos pra sempre. E é aí que a autora entra em ação a acaba de vez com o nosso coração. Naquele momento das últimas páginas, quando o livro está acabando e você acha que nada mais pode acontecer, a grande reviravolta que me deixou em choque.
Achei incrível a mensagem que o livro trás. Um grande grito contra a sociedade preconceituosa. Nos mostra que por mais que o incesto possa não ser uma coisa que deve ser admirada, devemos abandonar nossos preconceitos e pensar com maior profundidade no assunto, pois nem tudo é como acreditamos ser.
Recomendo Proibido para todos aqueles que gostam de uma leitura intensa, um romance nada convencional e o drama de uma família que tenta se construir. Mas já aviso para se preparem pra juntar os caquinhos no final.
Algumas Citações:

"Estou me desintegrando. Sinto tanto nojo de mim que tenho vontade de fugir do meu próprio corpo."

" - (...) Depois que você da o primeiro passo, o segundo é muito mais fácil. - Abro um sorriso - Sabe quem disse isso?
(...)
- Não faço a menor ideia. Martin Luther King?
- Você mesmo, Lochie. Quando tentou me ensinar a nadar."

" - Nós não fizemos nada de errado! Como o nosso amor pode ser considerado horrível, quando não estamos fazendo mal a ninguém?"

"(...) E agora que a alcancei, agora que estou aqui, quero pegá-la em minha mão, me agarrar a ela para sempre, para relembrá-la - o ponto em que minha vida realmente começou."

3 comentários

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Estou com muita vontade de ler esse livro,adorei sua resenha e seria incrivel se eles fizessem um filme dele.

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